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Conheça três projetos vencedores do Prêmio Jovem Cientista sobre água

Mais de 3.200 estudantes apresentaram soluções para melhorar uso da água. Foram distribuídos R$ 700 mil em prêmios para as melhores ideias.

O Prêmio Jovem Cientista vem revelando há 32 anos novos talentos e projetos que mudam para melhor a realidade do Brasil. O tema de 2013 foi água. Mais de 3.200 estudantes apresentaram suas soluções para reduzir o desperdício e melhorar a qualidade do uso da água no Brasil. Em disputa, R$ 700 mil em prêmios.

Categoria Ensino Médio: Carvão do caroço de açaí e sua eficiência no tratamento de água para o consumo.

Em 2012, ao entrar para o Ensino Médio, o estudante Edivan Nascimento Pereira foi estudar numa escola estadual no Centro de Moju, no Pará. Em conversas com o professor Valdemar Carneiro Rodrigues Júnior, surgiu a ideia de criar um filtro vegetal para o tratamento de água. O ponto de partida para descobrir a matéria-prima do filtro veio de um hábito familiar.
“É muito comum, sobretudo nas comunidades do interior e em comunidades ribeirinhas, utilizarem o caroço do açaí para afugentar os insetos, os mosquitos, a partir da queima, da carbonização. Então, veio aquela ideia do professor em conjunto: ‘Por que eu não poderia utilizar, quem sabe, o caroço do açaí, essa matéria-prima para tratamento de água, com o carvão ativado?’”, conta Edivan.
Ao mesmo tempo que estudava uma forma de transformar o caroço do açaí em carvão, Edivan fez uma pesquisa de campo nos bairros de Moju. O estudante constatou que 40% dos moradores costumam beber a água diretamente da rede de abastecimento, sem nenhum tipo de filtragem.
“Eu percebi nas comunidades, as quais foram aplicados os formulários, que a maioria da população não realiza nenhum tipo de tratamento na água que consome. E sobretudo essa população já teve algum caso de doença de veiculação hídrica na família. E devemos enfatizar que aqui no município, assim como em outras cidades da Amazônia, sobretudo, não existe um sistema de tratamento de água. Existe um sistema de captação e distribuição de água”, afirma o estudante.
O caroço de açaí é ideal para que se faça produzir o carvão, porque ele tem grande quantidade de carbono"
Valdemar Carneiro Rodrigues Júnior, professor
Com o apoio do professor Valdemar, Edivan estudou as propriedades do caroço do açaí. Os dois concluíram que o resíduo do fruto possui substâncias que, se manipuladas quimicamente, poderiam ser capazes de purificar a água.
“O caroço de açaí é ideal para que se faça produzir o carvão, porque ele tem grande quantidade de carbono. Quase 99% da matéria dele é carbonácea. Então é justamente uma das características para se produzir o carvão”, explica o professor e orientador Valdemar Carneiro Rodrigues Júnior.
O local onde o Edivan costuma fazer a coleta dos caroços de açaí acabou revelando um problema ambiental na cidade de Moju. Isso porque a maioria dos vendedores de açaí despeja os resíduos irregularmente em terrenos baldios.
“Infelizmente é uma prática comum. A gente vê o destino que se dá ao caroço do açaí e é justamente esse destino que a gente vê que acontece no dia a dia. O bom de tudo é que a minha pesquisa vem com a proposta de reaproveitamento desse resíduo, o que pode ajudar em muito a cidade, população e o meio ambiente”, revela Edivan.
O projeto do carvão feito com o caroço do açaí foi o vencedor do Prêmio Jovem Cientista, na categoria Ensino Médio.

Categoria Ensino Superior: Mistura de águas salinas como alternativa para a irrigação e produção de forragem no semiárido nordestino.

José Leôncio de Almeida Silva mora há mais de quatro anos em Mossoró, região oeste do Rio Grande do Norte. Veio para estudar agronomia na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Ele é o único de três filhos que chegou a universidade. Os pais são agricultores e moram na zona rural de São Gonçalo do Amarante, há cerca de 300 quilômetros de Mossoró.
O estudante passou no vestibular aos 19 anos mesmo enfrentando algumas dificuldades financeiras durante o curso. Ele disse que nunca pensou em desistir. Devido à distância, só visita a família nas férias ou quando tem feriado prolongado.
Foi a dedicação ao estudo e a pesquisa científica, que levou Leôncio a ganhar o 1º lugar do Prêmio Jovem Cientista, na categoria Ensino Superior. A proposta do projeto é utilizar uma mistura de águas salinas como alternativa para irrigar e produzir forragem no semiárido nordestino.
Durante as constantes secas no semiárido potiguar, falta pasto para manter os rebanhos de caprinos e bovinos. Muitos produtores precisam comprar ração para manter os animais vivos. Quem não tem condições de arcar com essa despesa, tem que se desfazer dos bichos, sendo que a solução pode estar a poucos metros do solo.
Foi o que provou a pesquisa de Leôncio no Aquífero Jandaíra, uma das maiores reservas de água subterrânea entre os estados do Rio Grande do Norte e Ceará. É possível encontrar água a poucos metros de profundidade, mas ela é bastante salobra na época de estiagem e, por isso, pouco utilizada na irrigação. Mas é só misturá-la a um pouco de água doce e é possível cultivar milho e sorgo, mesmo com elevado grau de salinidade.
“Através do aparelho a gente mede a salinidade, faz o cálculo e, a partir desse cálculo, a gente faz o volume do quanto eu vou utilizar de água salina e quanto eu vou utilizar de água de abastecimento. Aí eu determino o volume inicial e final. Após, eu posso aplicar na cultura”, conta Leôncio.
A pesquisa foi realizada por cerca de dois anos. Leôncio pegou um problema, a escassez de água de boa qualidade na região, e encontrou uma solução, capaz de garantir a sobrevivência de homem e animal no campo, mesmo em época de forte estiagem.

Categoria Mestre e Doutor: Microgeração em sistemas de abastecimentos de água.

Desenvolvi a metodologia para conhecer o potencial no sistema de abastecimento de água"
Gustavo Lima, doutor em engenharia mecânica
Após se formar em engenharia hídrica, Gustavo Meirelles Lima começou a se dedicar ao doutorado em engenharia mecânica. Foi o professor e orientador Augusto Nelson Carvalho Viana quem influenciou na escolha do tema.
“Eu desenvolvi a metodologia para conhecer o potencial no sistema de abastecimento de água. Então, a gente elaborou uma metodologia que em qualquer sistema a gente consegue identificar o potencial e ver qual a potência que pode ser gerada. E aí verificar se é viável ou não”, explica Gustavo.
Professor e aluno identificaram características parecidas entre uma micro-central de geração de energia, onde colocaram em prática o projeto, e uma estação de tratamento de água.
“Toda essa tecnologia já existe num sistema de abastecimento de água e isso reduz muito o custo da implantação da micro-central, principalmente por conta do conduto forçado que é uma das partes mais caras da micro-central”, conta Gustavo.
Em muitas estações de tratamento de água, o gasto com energia elétrica é altíssimo, principalmente quando é preciso captar a água em rios. É o caso de uma estação em Itajubá, onde 70% da água distribuída aos moradores são captados no rio Sapucaí, que fica há cinco quilômetros de distância e a 70 metros de altura. A água precisa ser bombeada até um ponto mais alto e isso gera um gasto de energia muito grande.
“Para saber se é viável ou não, a gente tem que levantar os dados. Mas aqui eles têm a captação por gravidade da Serra dos Toledos. E, como a estação de tratamento está num local elevado devido à concepção antiga do projeto, alguns pontos da cidade operam com uma pressão elevada. Então, a gente poderia utilizar uma turbina para gerar energia nesses locais”, diz Gustavo.
O engenheiro da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Luiz Claudio Galdino Braga, visitou projetos existentes em estações de tratamento e geração de energia em alguns países e afirma que não encontrou nada tão eficiente como o que Gustavo desenvolveu.
“Eu acho que é válido. A gente tem que considerar até porque está na mesma linha de eficiência energética. E a gente precisa investir nisso, porque a empresa quer transformar as suas unidades em unidades geradoras de energia. O Brasil vai ter que caminhar nesse sentido para que a gente tenha de eficiência energética a melhor possível”, afirma Luiz Claudio.
A descoberta do jovem cientista também pode trazer benefícios para o consumidor final. “O mais importante desse trabalho é que a dificuldade de energia é tamanha que, se isso está disponível e se for uma coisa viável, com certeza vai ter uma mudança drástica. Nós da Mantiqueira temos esse potencial pela gravidade. Mas pelo que nós vimos pelo trabalho, pode se otimizar também após o tratamento. Isso então vai trazer um diferencial muito grande”, considera o gerente da Copasa Tales de Noronha Mota.


Fonte: Globo News (http://twixar.me/7V)

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