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Projetos da Codevasf permitirão economia de até 70% da água em quatro perímetros do Submédio São Francisco

Projetos executivos que apontam para uma economia de 60 a 70% do volume anual da água utilizada nos perímetros irrigados Bebedouro, em Pernambuco, e Curaçá, Tourão e Maniçoba, na Bahia, serão entregues, no próximo dia 07 de abril, pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a 670 produtores familiares.
Nos projetos estão detalhados todos os pontos necessários que vão permitir aos agricultores realizar a substituição dos seus sistemas de irrigação originais, com sulcos perdulários, por sistemas localizados mais eficientes, como gotejamento e microaspersão, a exemplo do piloto implantado no perímetro Mandacaru. O investimento nessa ação foi da ordem R$ 1,5 milhão, com recursos da Codevasf e do Ministério da Integração Nacional, por meio da Secretaria Nacional de Irrigação (Senir), repassados diretamente à Companhia.
“Esse é um investimento de resultado rápido e eficaz, que irá proporcionar ao agricultor a redução de gasto com energia elétrica, diminuição significativa do consumo de água, incremento da superfície da área útil irrigável e consequentemente aumento da produtividade. Ganha o produtor e ganha o meio ambiente”, afirma o presidente da Codevasf, Elmo Vaz.
No Mandacaru, localizado a cerca de dez quilômetros da sede de Juazeiro (BA), além da economia de água na irrigação de todo o perímetro – em torno de 50% –, a metodologia, desenvolvida pelos engenheiros agrônomos Rodrigo Vieira e Frederico Calazans e pelo engenheiro eletricista Juan Ramon Fleischmann, da Codevasf, pôs um ponto final no desperdício de água, permitiu maior eficácia na aplicação dos produtos químicos, melhor desenvolvimento da planta, economia de energia elétrica, redução dos custos de produção, aumento significativo dos índices de produtividade e melhoria da renda do produtor.
De acordo com Frederico Calazans, que é secretário-executivo da Área de Gestão dos Empreendimentos de Irrigação da Codevasf, a introdução de algumas inovações no desenvolvimento dos projetos, como os testes de bulbo, que permitem, por exemplo, uma melhor definição dos equipamentos a serem instalados, vai propiciar uma economia ainda maior nos quatro perímetros onde a metodologia deve ser implantada. “Nos projetos concebidos pela empresa vencedora da licitação, sob a supervisão dos técnicos da Codevasf, chegamos a uma economia média de 60% de água nos perímetros e com uma precisão ainda maior do que no Mandacaru”, explica.
Calazans acrescenta que o custo total estimado para a implementação de todos projetos é em torno de R$ 39 milhões. “A agricultura irrigada deve ser repensada, conduzida, ao máximo, na eficiência pelo uso da água. Com essa economia, essa água pode ser, inclusive, direcionada para outros usos, dentre eles, energia elétrica, consumo humano, indústria. A criação de um fundo de modernização da agricultura irrigada poderia facilitar o acesso dos produtores aos recursos necessários para implementar os projetos em suas propriedades”, opina.
O engenheiro Rodrigo Franco, que é um dos fiscais do projeto, destaca a relevância dessa ação, sobretudo em uma época em que o país passa por uma crise de abastecimento hídrico. “Esse projeto é importante não só para a região. Ele é importante para qualquer lugar do planeta em que haja desperdício de água. Não se justifica mais trabalhar com irrigação por superfície. A metodologia que desenvolvemos está comprovada e aprovada. É pegar e implantar”, reforça.
Os produtores de Bebedouro, Curaçá, Maniçoba e Tourão estão ansiosos por receber os projetos. É o caso de Domingos Rocha da Silva, que há 33 anos atua no perímetro Curaçá. Em seu lote, com cerca de sete hectares, ele planta manga e coco. “Estou bem animado. Os outros produtores que já fizeram a mudança do sistema me disseram que diminuem os custos com água. Chegando aqui, o que eu mais quero é montar logo. Só vai trazer benefícios”, disse.

Projeto piloto

O projeto-piloto concebido pelos engenheiros da Codevasf foi realizado em um dos lotes do perímetro Mandacaru, o de número 38, onde eles fizeram estudos sobre as necessidades do lote, a oferta de água necessária para o desenvolvimento da produção e o melhor sistema de irrigação a ser utilizado.
Basicamente, os perímetros irrigados funcionam com uma estrutura hídrica composta por sistemas de captação e distribuição de água e drenos de escoamento da água não utilizada ou de chuva. No sistema mais tradicional de irrigação, a água é bombeada do rio e levada, por gravidade, através de canais abertos até os lotes, onde, por meio de valas ou subcanais, é jogada na terra através do uso de sifão. Esse sistema apresenta problemas como desperdício de água, seja pela evaporação, vazamentos, seja pelo excesso do líquido; além de erosão do solo e contaminação do meio ambiente, pois a água carreia os produtos químicos utilizados na produção.
O sistema idealizado pelos engenheiros da Codevasf constitui-se de pequeno reservatório escavado na terra e dentro do lote, de onde é retirada a água por meio de bomba, que pressuriza e leva o líquido por meio de pequenas mangueiras plásticas, de aproximadamente 33 mm de diâmetro e com pequenos furos, por onde a água goteja sobre a planta. Dependendo da cultura, a técnica utilizada é a de microaspersão, que funciona de maneira semelhante, só que a mangueira não possui furos, e a água é aspergida por meio de pequena haste cravada na terra com um microaspersor na ponta, que distribui a água em uma pequena área próxima à planta.

Metodologia reconhecida

Os resultados do Mandacaru em relação à economia de água e aumento da produtividade já são comprovados. “Mais terra sendo irrigada, com uso mais eficiente da água. A mesma quantidade que antes atendia parcialmente os 400 hectares do perímetro de Mandacaru, hoje atende cerca de 800 hectares – dobrou a capacidade do perímetro – e ainda sobra recurso hídrico para a geração de energia e outros usos”, destaca Frederico Calazans. Com a mudança no sistema de irrigação realizada no perímetro Mandacaru, a Codevasf já recebeu importantes premiações. No ano passado, a empresa foi uma das finalistas do Prêmio ANA 2014 na categoria “Governo”, pela contribuição para a gestão e o uso sustentável dos recursos hídricos.
A Companhia também foi uma das finalistas do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2013, na categoria “Gestores Públicos” e, em 2009, conquistou o prêmio ECO (promoção da Amcham e do Jornal Valor Econômico), na categoria Sustentabilidade em Novos Projetos, atribuído pela primeira vez ao Nordeste.
Em 2011, o projeto foi apresentado no Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20, realizada no Rio de Janeiro. No mesmo ano, a empresa recebeu o Selo Diamante pela organização não-governamental Ecolmeia, de São Paulo, por essa iniciativa.


Fonte: Codevasf

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